A
música toca, a chuva cai, o café esfria e o relógio está incessantemente a
trabalhar. E o corpo está em transe. A vida está em transe e a alma, por mais
uma vez fora do lugar. Comigo não seria nada diferente, e por isso
a inconstância insiste habitar meu coração, plantando dúvidas que apenas o
tempo seria capaz de respondê-las. Até que o momento chegou.
Durante a aula de literatura brasileira estava bem mais pensante do que
antes, e sai daquela aula com os miolos
quase transformados em pipoca de tanto pensar. E qual seria o real motivo? O
real motivo foi à questão abordada pela Elaine (nossa professora) ela nos disse
que o único presente que damos a uma pessoa, e que jamais poderíamos ter de
volta era o tempo. E dando sequência em sua linha de pensamento, postou
após aula em nosso grupo do Facebook um vídeo, o qual também retratava sobre o tempo
e o quão relativo ele pode tornar-se.
Como
assim relativo? Pensei comigo. Ah sim relativo: ou seja, o pouco da sua vida,
minutos ou segundos transformados em algo extremamente significativo para
alguém. Enquanto, às vezes as muitas horas, dias e anos podem não tem o mesmo
valor daqueles segundos e minutos que para muitos seriam “perdidos” ou até
mesmo em “vão”.
Naquele
momento, pude ver nitidamente em minha mente, a figura do coelho do
"Alice No País das Maravilhas" como um ser que nos
personifica, e nos mostra o quanto nós vivemos o passar dos dias
tão mecanizados, quase inóspitos de sentimentos e compaixão
com o próximo. Será mais uma das consequências do mundo pós-moderno?
O
mundo “facilitado” onde há terceirização da educação, onde o almoço tornou-se
um rápido degustar de porcarias industrializadas, onde as tardes que antes
passava-se com os pais e pessoas queridas, fora cruelmente trocadas
por novos amigos, aqueles dos comerciais: os vídeo games, celulares e computadores.
Ah! Nossos novos vilões eletrônicos.
Não
sei se já viram o filme “Click” onde o homem pensa tanto em sua promoção
no trabalho, que o resto do que o rodeia é transformado em coisas pífias;
até mesmo sua família. E é triste pensar que o filme é verossimilhante
a nossa realidade, e que sua consequência: o arrependimento, pode durar até os
últimos segundos daquilo que nomeiam de vida.
E então seres
pensantes: Quanto o tempo custaria se você precisasse dele?!
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