junho 27, 2018

De tudo o que nos cerca;



 A gente nunca consegue prever o impacto que está por vir, quando de repente cruzamos com alguém. O que vem depois do simples "olá", o que vem depois da amizade, da primeira briga, do primeiro beijo, do primeiro adeus... Como carregar o peso da efemeridade em suas costas? Quando o impacto que alguém causou foi tão forte, que quando partem, nos deixam sem saber quem realmente somos. 

 E eu me pergunto constantemente: quem sou, afinal de contas? 
 Pode ser que eu seja cada brincadeira de pique-pega da minha infância, ou o amor que recebi dos meus pais, posso ser o reflexo das proibições que tive durante a vida, as regras que segui ou até mesmo os riscos que corri tentando quebrá-las e acredito ainda, ser um pouco dele e do seu beijo, dos seus gostos literários e de sua risada despretensiosa. Pode ser que eu seja um pouco do sorriso que recebi de uma criança na rua, das festas que aproveitei ou dos amigos que fiz e cada tombo que levei. 
 São tantas as possibilidades. 

 Não sei dizer se algum dia seremos realmente capazes de ter a mínima ideia de quem somos, mas sei que agora, eu sigo me questionando cada vez mais, tentando achar repostas para perguntas matematicamente impossíveis de serem respondidas e acreditando em algumas mentiras que eu mesma inventei, para que assim talvez haja algum sentido. Porque apesar de o destino mostrar a cada dia que tudo não passa de um gigantesco e ininterrupto efeito borboleta, a esperança intrínseca do meu ser, se agarra a qualquer ponta de estabilidade que acalente a minha desesperada vontade de acreditar que sim, existe um porque
 Talvez o sentido da nossa existência esteja nessa busca constante. Talvez o sentido esteja em não conseguir encontrá-lo, mas não desistir de buscar e atribuir infinitos significados a ele. 

 Você pode acreditar que o significado talvez esteja no amor, e meses depois descobrir que aquilo sequer devia ser chamado de amor e depositar todo esse significado em uma viagem incrível para o exterior. Quem poderá dizer que você está errado? Pessoas são pequenos universos efêmeros e em constante movimento, cada um com seu ponto de vista. E no final quem muito afirma se conhecer, se limita e se fecha para novas possibilidades. Possibilidades. Passageiras. Sempre efêmeras.
 Se são efêmeras e tão únicas, por que perdê-las? Você nunca tem a mesma chance duas vezes, mas o que importa é que enquanto houver vida, elas existirão, basta um pequeno esforço para que sejam notadas. 
 E de todas as mentiras que tenho inventado, a que me cabe agora é acreditar que não sou nada além de vestígios de pessoas que passaram por mim. Não sou nada além disso, mas sei que posso ser mais por estar atenta as infinitas possibilidades de apenas ser. Ver a beleza nisso tudo e reconhecer o mesmo no próximo é o que nos faz ser tão seres humanos e ser tão incríveis na tão pequena vastidão que preenche cada um de nós.  


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