outubro 23, 2015

E se...


Modelo: Karol Foto: Amanda Cristina


   E se de repente as cortinas caíssem, após um longo dia de ensaios de  sorrisos frenéticos, após cenas que nem sempre fazem parte de mim e fazem parte de vocês. O que  aconteceria se eu, mulher, saísse do limite  imposto pelo mundo, como aquele das sombras da caverna de Platão? O mundo não tão distante, não tão diferente, não tão alienado quanto ainda é.  
     Ah, malditos! Sabes quantas cenas é preciso ser em um só dia? Sabes o quanto preciso  me esconder com medo que me deixem novamente para baixo? Mas, hoje eu resolvi não pensar nas cortinas, não pensar nas  pessoas com quem contraceno, não pensar nos julgamentos alheios de toda a estranha e desconhecida plateia.
    Hoje resolvi apenas mostrar  quem eu sou: a  mulher poderosa que vive em mim, a  garota de espírito apaixonado, aquela que também chora e sofre longe dos palcos da vida e   silenciosamente se  despe dentro do seu cavernoso quarto. Isso não me rebaixaria, não tiraria sequer o brilho único dos meus olhos, a minha sensibilidade, os meus vorazes pensamentos e emoções. 
     Mesmo quando dentro parece destruído e fora também, sei que em algum momento, toda essa minha parte vibrante, forte, encorajadora e inconsequente há de voltar. Há de vencer os céus, tremer às terras, desvendar horizontes, e também enlouquecer os homens. Sim os homens, esses que muitas vezes foram a favor das máscaras que vestimos para agradá-los, enquanto no fundo sempre procuraram o diferente para amar, para ter, para acompanhá-los e entendê-los. O que digamos que não é, e nem seria uma das tarefas  mais fáceis. 
     Para que eu intensamente me torne, seja, e viva como uma mulher poderosa, teria que me livrar deste medo imposto e rotulado pelo teatro da vida.


    E se... de repente as cortinas caíssem agora mulher, o que você faria? 

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