março 25, 2017

Resenha: A cor púrpura de Alice Walker

Livro: A cor púrpura.

Autor(a): Alice Walker.

Editora: Círculo de leitores.

Ano: 1982 (vencedor do Premio Pulitzer no ano seguinte de sua publicação).

Páginas: 75 (li em pdf).

Sinopse: O livro narra a história de uma garota de 14 anos chamada Celie que é abusada sexualmente pelo pai, tem dois filhos dele e é obrigada a se casar com o Sinhô. A história tem como pano de fundo o racismo no sul dos Estados Unidos, o machismo, o patriarcado, a amizade, o amor, o desamor, as carências educacionais para as mulheres, entres outros temas.

  O livro é todo estruturado de forma epistolar, ou seja: é composto por cartas.  Cartas essas que Celie, a personagem principal, escrevia para Deus e sua irmã Nettie e cartas que Nettie escreveu para Celie. A linguagem é rústica e a principio chega a ser até um pouco difícil de compreender, pelo fato de ser uma personagem semi-analfabeta escrevendo. A história contada, fala da vida de uma mulher negra completamente subordinada ao seu Sinhô, homem no qual foi dada em casamento, apenas para que ele usufruísse de seus serviços domésticos e para que criasse os filhos que a falecida esposa havia deixado. 
 A história se passa entre os anos de 1900 e 1940. Alice Walker consegue, através de erros ortográficos propositais, mostrar a lacuna deixada pela privação da educação a qual essa personagem sofreu. As cartas são escritas de forma bem natural, sem burocracia, o que nos aproxima da personagem, fazendo com que tenhamos empatia pelas mesmas. O mais interessante de tudo, é ver toda essa desconstrução que ocorre ao longo do livro, como aos poucos, Celie com a ajuda de Nettie, Shug (ex mulher do Sinhô) e das outras mulheres de seu convívio, mas principalmente por Shug Avery passa a se enxergar de maneira diferente. Celie, no decorrer de sua vida sofrida de quase-servidão, muda sua visão ao ver como Shug lidava com os homens e como era independente, como por si só, tomava as rédeas de sua vida. Até a descoberta de sua sexualidade, gostos, talentos, ocorrem de forma gradual e lenta, a visão machista que a própria Celie tinha para consigo mesmo, é dissipada quando passa a conhecer as origns de sua raça e quando com a ajuda de Shug, passa a enxergar Deus e a religião de forma diferente. Até a ortografia vai se alterando conforme a personagem passa a estudar e a ter mais conhecimento. 
 A escolha do título não é atoa: na Grécia antiga, por exemplo, os tecidos mais nobres e caros tinham essa cor, o que acabou agregando uma nova significação ao título, ao fazermos essa analogia, que é bem cabível. No final das contas, uma das principais mensagens também é essa: a valorização da etnia afro e antepondo, a desconstrução do machismo e patriarcado. 

 O livro foi adaptado aos cinemas com direção de Steven Spielberg. O filme acumula cinco prêmios em seu histórico e vale a pena ser visto!

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